225 - Balancete

Não acertei em nenhum alvo,
mas atirei com garra ,determinação .
Não fiz amizades duradouras ,
mas fui fundo nos relacionamentos .
Não vivi em palácios luxuosos ,
mas amei o meu conforto simples .
Não tive uma vida elegante, invejável,
mas nutri-me de sentimentos sinceros .
Não consegui ser uma celebridade ,
mas me alegrei em ve-las nas revistas e cafés .
Não fui tão inteligente como os gênios ,
mas me deixei arder nos prazeres do dia a dia .
Fui rejeitado ,vaiado por fazer parte do pelotão dos últimos ,ainda assim não aceitei restos de comiseração .
Fui acusado de insolente ,pois mesmo tendo sido derrotado ,não faltei às festas do vitoriosos .
Afinal perder não é crime ou vergonha .
Faz parte do jogo .
Confundi lagos com oceanos ,
ainda assim me esmerei nos nados .
Fui medroso ,covarde ,
e ainda assim não me escondi ou me camuflei .
De todos fui o que mais errou ,
mas com certeza fui um dos que mais quis acertar .
Se por um lado fiquei abatido por perder,
pelo outro jubilei-me pelas oportunidades de acertar .
Enfim, com tantas perdas cresci,
descobri uma felicidade mais adulta
que desconhece medidas e comparações .
Estou cultivando uma alegria
que não precisa ser exibida ,
mas somente sentida em mim mesmo .
Ela não pesa,não gera culpa , não precisa ser julgada .
Ela é livre ,totalmente livre .
outubro*2011