6 -Centrado em Si Mesmo

Gosto de estar a sós comigo mesmo.
Não é solitário e muito menos imaginário.
Sem este contato real e pessoal me definho,
desafino, perco o meu brilho.
Sem estar comigo mesmo ,a vida passa existir sem sabor.
Tudo se torna insípido.
Tenho fome de mim mesmo.
Viver alem de arder é também arte.
A arte das artes .
Sou um projeto fantástico ,
mesmo com crostas de neuroses e imperfeições.
Sou único. Tal unicidade me faz sentir responsável.
Traz-me tranquilidade,serenidade,
pois sei que o meu lugar ninguém poderá ocupar,estar.
As coisas que eu fizer ou deixar de fazer
serão de minha inteira responsabilidade.
Gosto das minhas próprias medidas.
O modo como choro,rio é único, exclusivo.
Cada dia caminho na minha estrada de sonhos.
Ganhos aqui,perdas ali.
Há desertos áridos, mas há oásis que vicejam .
Minhas bagagens são poucas.
Levo entusiasmos ,vontades de experimentar,interagir.
Queria armazenar tudo o que me encanta .
O tempo não permite. A estrada não tem fim.
Minha morada não é fixa.
Além do mais as experiências são como vestes.
Na medida que vou sendo mudado,
transformado , estas se tornam
inadequadas, não servindo mais ,
mesmo importantes e bonitas.
Nunca vamos parar de crescer,
e as vestes nunca vão deixar de existir.
Viver é um sonho que quero Sonhar.
Não quero despertar.
Não quero ir para os vales de lagrimas reclamar.
Não suportaria o obvio, o comum .
Muito menos o faz de conta .
Viver é ir e vir.
Viver é rir, chorar, quebrar a cara .
Viver é também cair .
No final tudo recomeça
com um solene levantar.
paris.augusto@gmail.com