10-Viagem do Eu( II )

Não me peçam equilíbrio e calma quando estou dentro
do redemoinho da Existência.
Se estamos de longe ,apenas observando o fluxo e refluxo das
coisas é fácil manter-se calmo , equilibrado.
Correrei riscos ,pois vou mergulhar nas minhas experiências ,
nas minhas sensações .
Não vou mutilar, emudecer os sentimentos ,as percepções.
Quero ir e vir, livre, sem fixar raízes
no agradável solo da segurança .
A vida é um jogo.
Tenho que jogar, arriscar.
Tenho que estar preparado para ganhar ou perder.
O que é mais relevante é estar aberto,solto neste jogo
Existencial e fenomenológico.
Viver é o JOGO dos jogos.
Se não jogarmos com nossas vidas,
definharemos em cáusticos tédios.
De tão seguros nos tornaremos parasitas.
Tal atitude nos fará anêmicos e debilitados emocionais.
Acredito que no jogo da Vida
quando perdemos , perdemos muito pouco.
Quando ganhamos , ganhamos muito, muito,
pois a vida é extremamente farta, generosa.
Não quero ser como aqueles
vitoriosos invictos.
Nunca perderam, só que nunca descobriram.
Foram somente espertos .
Mesmo com tantas vitórias se sentem perdedores.
Talvez por não conhecerem o sabor
dos extremos, dos limites e dos perigos.
Não quero parecer, quero ser.
Não quero superfície ,
quero o miolo , o profundo.
Não quero correr para ser o melhor .
Quero correr pelo próprio prazer de correr.
Os meus prazeres não precisam ser
mostrados,comparados, pois são únicos.
Não quero que me contem
o que cada um viu atras dos lindos montes.
Quero descobrir tudo sozinho.
O meu olhar tem que estar livre
de influencias e interferências.

Acho que minha personalidade
energética não é reter, se manter ,mas fluir.
Não quero raízes fortes e seguras.
Quero asas frágeis e coloridas.
Quero voar mesmo não sabendo onde pousar.
Mesmo com os crocodilos
lá embaixo a me espreitar .
Viver é fascinante ,envolvente .
Quando somos intensos ,
ficamos anestesiados.
Morremos sem sentir nenhuma dor,
Apenas uma doce saudade
de não poder mais viver, existir .
paris.augusto@gmail.com