113 - Ferias do Racional

De vez em quando tire longas férias da perfeição e razão.
Caia na folia da emoção. Use somente o coração.
Não ligue para críticas, regras e tradição.
A vida esta acima destas frágeis equações .
Há dias que tudo vira motivo de festas .
O colorido das flores é mais intenso.
O cantar dos pássaros me hipnotiza.
O vento levando as folhas me faz rir.
A colmeia de estudantes na porta das escolas me desperta
a vontade de novamente estudar.
A banca de jornal cercada de curiosos me faz parar .
Finjo ler as notícias somente para conversar.
A gestante orgulhosa de sua barriga
me faz em sua barrica tocar.
A moça bonita que para o transito me inspira a entrar
numa loja para eu mesmo me presentear.
As pessoas que saem alegres do banco me lembram
que devo a alguém necessitado ajudar.
Os jatos riscando os céus me fazem recordar
as lindas viagem que fiz além do mar.
O cair da tarde me convida para um alegre meditar.
O eco dos gritos infantis das praças acorda a criança
que por medo tranquei em mim.
Os adolescentes convictos de seus sonhos de mudança
fazem meu pessimismo se aquietar.
O cheiro tentador vindo do interior das cozinhas
põe as minhas gulas a se aguçarem.
Os navios exibindo suas minúsculas janelas despertam
em mim as fantasias de fazer um cruzeiro quando me aposentar.
As pessoas eufóricas nas lojas a comprar ,
me fazem esquecer por alguns instantes
das enchentes e aquecimento global.
Quantas alegrias , quantas vidas espalhadas
e as pessoas não querem destes mananciais participar.
Será que o egoísmo e a ambição desmedida
as tornaram cegas e frias ?
As alegrias em diferentes níveis
e formas sempre existirão .
Só não existirá para aqueles que não abandonarem
suas máscaras e fantasias de deuses inacessíveis.
Quanto mais simples formos mais fácil
será mergulharmos nos imensos mananciais de prazeres
que a vida generosa e abundantemente nos presenteou.
Enquanto uns fazem festas ,
outros já se tornaram festas vivas .
Se você encontrar algumas destas pessoas se junte a elas .
Com elas você não sentirá o frio da angústia,
e nem o peso da solidão .
augustoparis@bol.com.br