156 - Divã

O mar é o meu grande analista azul.
Tua imensidão me despe,me enfraquece.
Somente depois me fortalece.
O medo se foi.
A vaidade murchou.
As fantasias se arriaram .
Como uma criança me ponho a sonhar .
Brinco com o Simples.
Quero namorar o luar .
Não usarei relógios .
Guiar-me-ei somente pelas estrelas candentes.
Nao vou trabalhar.
Preciso feriar .
Quero muito comigo estar.
Quero adentrar-me !
Não vou sacrificar-me .
Fartei-me das compulsões e obrigações.
Quero nutrir-me de afeições.
Lambuzar-me de gostosas sensações.
Mais musical ,menos material .
Não me curei ,mas já me sacio das alegrias saudáveis.
Minhas luzes se acendem.
É mágico, é natural .
Como é gostoso ser normal.
Vejo-me com os meus próprios olhos.
A sessão terminou.
Vou na vida partilhar .
Novos velhos caminhos trilhar.
Nada é velho quando se permite encantar.
Não terei medo se me desafinar .
A música é linda.
Os pássaros gorgeiam.
Por favor respeitem minhas loucuras sagradas.
Muitas delas matei por lacrá-las.
paris.augusto@gmail.com